sábado, 1 de junho de 2013

CONFUSÃO NO SAAE DE GRAJAÚ

Diretora afirma que servidores compactuam com alta inadimplência nas contas de água do SAAE

Segundo Sameline, funcionários sabem de ligações ilegais em Grajaú, mas não levam problema à direção da entidade


R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais). Este é o valor da inadimplência nas contas de água do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Grajaú. A informação foi dada pela diretora da autarquia, Laire Sameline Serafim Chaves, durante a audiência pública municipal realizada no dia 20 de maio, quando ela prestou contas à população.

Dez dias depois, em entrevista ao Grajaú de Fato, Laire apontou as causas que colaboram para que esse valor só aumente. “Os funcionários colaboram para que esse valor aumente. Eles são desleixados em seus serviços, os hidrômetros nas ruas são tapados com dois palmos de terra, não sei como são feitas as leituras; eles sabem também das ligações clandestinas por trás desses hidrômetros, veem a irregularidade e não trazem o problema à empresa”, denunciou.

Desde que assumiu a direção do SAAE, Sameline tem batido de frente com os funcionários da instituição porque, de acordo com ela, eles têm dificuldade de acatar ordens e fazer o trabalho da maneira correta. “Os funcionários acham que detêm o poder dentro da empresa por serem sindicalizados e o sindicato colabora com esse problema. Viemos de gestões que estavam há muito tempo consolidadas dentro do SAAE e os funcionários estão equivocados quanto às atribuições do serviço público no município”.




Ela disse ainda que a situação se agrava com a decisão de retirar benefícios ilegais que perduraram por anos na instituição. “Observamos que todos os acordos do SAAE foram feitos de fora ilegal até a data de hoje. Não compactuamos com isso, nem concordamos com essa forma de agir”, sublinhou.

A política partidária, segundo a diretora, é outro problema que afeta o trabalho e as relações dentro do SAAE. “Desde que eu cheguei aqui percebi que há uma mistura de politicagem com o trabalho e já conversamos que isso não dá certo e atrapalha”. Outro ponto negativo, segundo Laire, foi o desaparecimento do regimento interno da casa. Ela disse que não há parâmetros legais para os salários dos funcionários, fato que dificuldade o trabalho. “Existia um plano de carreiras no antigo regimento interno que simplesmente desapareceu quando assumimos e ninguém dá notícia. Deveríamos tê-lo em mãos para termos parâmetros quanto à tabela salarial que havia na casa. Não me perguntem como chegamos aos valores dos salários dos funcionários que eu não sei responder”.

Projetos e planos

A diretora do SAAE enumerou uma série de projetos que podem vir em benefício dos funcionários, mas, eles engatinham tendo em vista a resistência que sofrem por parte de alguns servidores. “O primeiro passo deveria ser acabar com o Acordo Coletivo de Trabalho, uma vez que ele é ilegal. O grande empecilho para que isso aconteça é o benefício dos “tikets alimentação”. Entendemos que ele é importante (R$ 622,00) e mexe na renda do trabalhador, mas uma saída seria o abono por produtividade de cada funcionário. Isso aconteceria de acordo com a produção individual de cada servidor, ou seja, ele seria merecedor de uma gratificação que seria acrescentada dentro do seu salário”.

Outra plano da diretora seria avaliar o trabalho prestado pelos servidores à população grajauense, proposta que também não teve o apoio da maioria. “No setor administrativo colocaríamos pesquisas de como está sendo feito o atendimento e a população que avaliaria. Estenderíamos a pesquisa aos sites”. Continuou Laire. “No campo tem ordens de serviço a serem cumpridas. Se uma ordem deixou de ser cumprida, o funcionário tem a obrigação de nos dizer por que não foi realizada e o setor administrativo, através de uma avaliação pública, iria nos colocar a par de como a população está sendo atendida”, explicou. Ela apontou o motivo de os projetos não serem acatados pelos funcionários. “Quem costuma trabalhar com certeza não acha ruim, mas aqueles que enrolam serviço tem grandes problemas”.

Cargos Comissionados

O ciúme por parte de alguns funcionários tem gerado atritos na autarquia devido a mudanças quanto à escolha de funcionários experientes para assumir cargos superiores. “Reformulamos um decreto e alteramos a estrutura dos cargos comissionados. Dentro dessa estrutura que a administração tem livre arbítrio para escolher quem irá atuar nos cargos de confiança, colocamos alguns funcionários que já faziam parte dos cargos comissionados. As mudanças aconteceram porque precisamos das pessoas que já conhecem realmente o SAAE e sabem como o serviço funciona. Pode ser que isso também tenha gerado um certo conflito de egos. É complicado a pessoa ter como superior alguém que já era companheiro dela por muito tempo e não enxergar hoje essa pessoa como superior”.


Da Redação do GF
(Fúlvio Costa e Francisco Matias)

Nenhum comentário:

Postar um comentário